Os benefícios dos exercícios físicos na saúde intestinal

Quando pensamos nos benefícios da prática de exercícios físicos, logo lembramos da melhora na disposição, na saúde do coração, no controle do peso ou na prevenção de doenças metabólicas. 

No entanto, o que nem todo mundo sabe é que se movimentar com regularidade também faz muito bem ao intestino.

Sim, o exercício físico é um verdadeiro aliado da saúde intestinal, influenciando desde o funcionamento do trânsito intestinal até o equilíbrio da microbiota (as bactérias benéficas que vivem no intestino). Entenda mais a seguir.

O intestino: mais do que apenas digestão

O intestino é um órgão essencial não apenas para o processo digestivo, mas também para a imunidade, o equilíbrio hormonal e o humor. Cerca de 70% das células de defesa do corpo estão concentradas ali, e ele é responsável pela absorção de nutrientes e eliminação de resíduos.

Além disso, o intestino abriga trilhões de microrganismos que formam a microbiota intestinal, um ecossistema complexo que influencia diretamente o metabolismo e até a saúde mental.

Quando esse equilíbrio se perde, podem surgir sintomas como prisão de ventre, gases, distensão abdominal, diarreia, fadiga e até alterações de humor. E é aí que entra o papel dos exercícios físicos como ferramenta de prevenção e regulação.

Como o exercício ajuda o intestino a funcionar melhor

Os efeitos do exercício físico sobre o intestino são múltiplos e envolvem aspectos mecânicos, metabólicos e hormonais. Veja alguns dos principais mecanismos:

1. Aumento dos movimentos intestinais (peristaltismo)

Durante a atividade física, o corpo estimula o sistema nervoso parassimpático, responsável pela motilidade intestinal. Com isso, o trânsito intestinal se torna mais eficiente, reduzindo o risco de prisão de ventre, um problema comum em pessoas sedentárias.

2. Melhora da circulação sanguínea abdominal

O movimento corporal aumenta o fluxo de sangue nos órgãos digestivos, favorecendo a nutrição das células intestinais e a renovação dos tecidos.

3. Redução da inflamação sistêmica

O exercício regular ajuda a controlar processos inflamatórios que podem afetar o intestino, sendo benéfico em condições como síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias intestinais (como retocolite ulcerativa e doença de Crohn), sempre respeitando as orientações médicas individuais.

4. Equilíbrio da microbiota intestinal

Estudos mostram que pessoas fisicamente ativas tendem a ter uma microbiota mais diversa, o que significa maior presença de bactérias “boas”. Essa diversidade contribui para a absorção adequada de nutrientes e fortalecimento da imunidade.

5. Regulação do estresse e do humor

O intestino e o cérebro estão diretamente conectados por meio do chamado eixo intestino-cérebro. O estresse crônico altera o funcionamento intestinal e a microbiota, podendo causar constipação, diarreia e desconfortos abdominais.


A atividade física estimula a liberação de endorfina, dopamina e serotonina, substâncias que reduzem o estresse e melhoram o humor, com reflexos diretos no bem-estar intestinal.

Benefícios específicos dos exercícios para o intestino

Abaixo, veja como os exercícios físicos podem impactar positivamente diferentes aspectos da saúde intestinal:

Prevenção e tratamento da constipação

O sedentarismo é uma das principais causas da prisão de ventre. Caminhadas, corridas leves, ciclismo e alongamentos estimulam o peristaltismo, ajudando o intestino a funcionar com regularidade.

Auxílio no controle de doenças intestinais

Pessoas com síndrome do intestino irritável (SII) relatam melhora significativa dos sintomas com a prática de atividades moderadas, como yoga e pilates. O exercício ajuda a reduzir a ansiedade e o estresse, fatores que agravam a doença.

Melhora da digestão e absorção de nutrientes

Com o intestino funcionando de forma mais rítmica e saudável, o corpo consegue aproveitar melhor os nutrientes dos alimentos, favorecendo a saúde geral.

Proteção contra o câncer colorretal

Estudos apontam que a prática regular de exercícios está associada à redução do risco de câncer colorretal. Isso se deve, em parte, à melhora no trânsito intestinal (que reduz o tempo de contato de substâncias tóxicas com a mucosa do cólon) e à diminuição da inflamação crônica.

Que tipo de exercício faz melhor para o intestino?

A boa notícia é que não é preciso ser atleta para colher os benefícios. O importante é manter regularidade e escolher atividades prazerosas. Aqui vão algumas opções e seus efeitos:

  • Caminhada leve a moderada: melhora o funcionamento intestinal e é acessível para todas as idades;
  • Corrida e ciclismo: aumentam o metabolismo e favorecem a movimentação intestinal;
  • Yoga e pilates: reduzem o estresse e ajudam na consciência corporal e respiratória, fatores importantes para o equilíbrio do eixo intestino-cérebro;
  • Musculação: fortalece o abdômen e melhora a postura, o que favorece o trânsito intestinal;
  • Alongamentos e atividades respiratórias: estimulam a circulação abdominal e reduzem tensões.

O ideal é combinar atividades aeróbicas com exercícios de fortalecimento e relaxamento, adaptando a rotina conforme a condição física e as orientações médicas.

Movimento é saúde, também para o intestino

A prática regular de exercícios é uma das formas mais simples e eficazes de cuidar da saúde intestinal. Ela estimula o funcionamento do intestino, melhora a microbiota, reduz o estresse e até previne doenças graves.

Portanto, se você sofre com constipação, inchaço, gases ou desconfortos digestivos, talvez o primeiro passo não esteja apenas na dieta, mas também em colocar o corpo em movimento.

Pequenas mudanças na rotina, como trocar o elevador pela escada, caminhar 30 minutos por dia ou praticar uma atividade que traga prazer, já podem fazer grande diferença para o equilíbrio do organismo.

O intestino agradece, e todo o corpo também.