Ter inchaço abdominal não é normal: entenda as causas 

Sentir-se “inchada(o)” após uma refeição mais pesada ou em determinados momentos do ciclo menstrual pode até ser comum. Porém, o que muitos não sabem é que ter “inchaço abdominal”  frequente, é muitas vezes acompanhado de dor abdominal, não é normal e pode ser um sinal de que algo não está funcionando bem no organismo, e precisa ser tratado.

Caso você sofra com a sensação constante de distensão abdominal, desconforto ou até dores, com aumento do “tamanho”do abdômen, é importante ficar atento e buscar orientação médica.

Vamos entender melhor o que pode estar por trás desse sintoma neste material que preparei.

O que é o “inchaço abdominal”?

O inchaço abdominal é caracterizado pelo aumento do volume do abdômen (estofamento), acompanhado por uma sensação de pressão, desconforto ou mesmo dor na região.

Geralmente ele é progressivo ao longo do dia, piorando ao final do dia.  

Porém, muitos pacientes já acordam com essa distensão abdominal. Na maioria das vezes, está associado à acúmulo excessivo de gases no trato gastrointestinal, quase sempre ocasionado por um  processo fermentativo nos intestinos.

Mas, existem diversas outras l situações que podem desencadear esse desagradável sintoma.

Embora possa surgir ocasionalmente, especialmente após o consumo de alimentos que sofram uma maior fermentação pelas bactérias do nosso intestino, como feijão, por exemplo, o inchaço persistente e desconfortável, merece atenção.

Principais causas da distensão abdominal

A distensão abdominal pode ter diversas origens, incluindo problemas mastigatórios, digestivos, hábitos alimentares inadequados e até condições clínicas específicas. Confira algumas das causas mais comuns:

  1. Excesso de alimentos fermentativos

A produção excessiva de gases pode ocorrer devido ao consumo de alimentos fermentativos, como leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico), brócolis, couve flor, repolho, bebidas gaseificadas e alimentos lácteos d suma forma geral.

  1. Intolerâncias alimentares

A intolerância à lactose, frutose e ao glúten são exemplos de condições que provocam distensão abdominal. Isso acontece porque o organismo não produzir adequadamente as enzimas necessárias para a digestão desses alimentos. Ao não serem digeridos, passam por um processo de fermentação pelas bactérias da microbiota intestinal, com formação de gases e “estufamento” do abdômen.

  1. Síndrome do Intestino Irritável (SII)

Pacientes com SII frequentemente relatam inchaço abdominal, associado a dor e alterações no ritmo intestinal, como diarreia, prisão de ventre ou alternância da frequência. Nesses casos, existe uma incoordenação motora nos movimentos intestinais, e hipersensibilidade visceral, desencadeados por determinados alimentos e ao emocional, causando os sintomas.

  1. Constipação intestinal

O acúmulo de fezes no intestino grosso, faz com que as bactérias ali existentes, fermentem esse bolo fecal causando  distensão abdominal e desconforto. A principal causa de constipação intestinal é a baixa ingestão de fibras e líquidos e o sedentarismo. No entanto, existem inúmeros medicamentos de uso esporádico ou até mesmo contínuo, que interferem no peristaltismo, levando a constipação intestinal, como por exemplo, analgésico opiáceos (tramadol, codeína, morfina), relaxantes musculares, antiinflamatórios, anti-hipertensivos, antidepressivo, anticonvulsivantes, ansiolíticos, indutores do sono, suplementação com cálcio/ferro, antiespasmódicos.

  1. Doenças inflamatórias intestinais

Condições como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa podem causar inchaço, dor e outros sintomas gastrointestinais. Os sintomas surgem devido aos processos inflamatórios em intestino delgado e cólon, geralmente de origem autoimune.

  1. Alterações hormonais

Em mulheres, o ciclo menstrual pode causar oscilações hormonais, que interferem na contratilidade da musculatura intestinal, o que pode levar a distensão e desconforto abdominais. Da mesma forma, as gestações, onde os hormônios gravídicos irão atuar na musculatura dos órgãos do aparelho digestivo, levando a um relaxamento e lentificacao de peristaltismo, com indigestão, náuseas, vômitos, constipação intestinal, distensão gasosa e desconforto.

  1. Distúrbios metabólicos

Problemas na tireoide(hipotireoidismo), diabetes, insuficiência renal ou hepática, também podem estar relacionados a estes sintomas.

  1. ⁠Doenças neurodegenerativas e transtornos psiquiátricos

Doença de Parkinson, Demência senil, esquizofrenia, transtornos do humor, transtorno do sono, epilepsia, autismo frequentemente estão associados a repercussões no trato digestivo, geralmente com constipação intestinal, distensão e aumento do volume abdominal. Isso ocorre não só por alterações nos neurotransmissores cerebrais, mas também como efeito adverso dos medicamentos utilizados para tratar essas enfermidades.

  1. Diarreias

As diarreias agudas causadas por agentes infecciosos (bactérias, vírus, protozoários), também levam à distensão abdominal gasosa, devido a maior produção de gases gerados pela microbiota intestinal doente (disbiose intestinal). Outras causas de diarreia, como por exemplo as causadas pelo uso de antibióticos, outros medicamentos, intolerâncias alimentares, diabetes ou doenças inflamatórias intestinais também levam aos mesmos sintomas.

  1. Disbiose intestinal

O equilíbrio harmônico da nossa microbiota intestinal (trilhões de micro-organismos que habitam nosso trato digestivo) é fundamental para que as células dos nosso intestinos funcionem de forma adequada, e isso inclui produção de enzimas, digestão e absorção dos alimentos, produção e absorção de vitaminas, produção de neurotransmissores cerebrais (mais de 90% da nossa serotonina cerebral é produzida pelos intestinos), produção de hormônios (dopamina, noradrenalina, endorfina), imunidade/ defesa do nosso corpo (mais de 70% das células de defesa do nosso corpo se encontram nos intestinos). Isso reflete a importância dele em todos os órgãos do nosso corpo. 

Quando este equilíbrio da microbiota é “desfeito”(disbiose), essas funções ficam todas prejudicadas, e dessa forma, levando a sintomas nos mais diversos órgãos do nosso corpo. É um dos sintomas relacionados a disbiose é a distensão gasosas abdominal crônica, recorrente.

Quando procurar um coloproctologista?

Como vocês observaram, o sintoma de distensão abdominal não pode ser menosprezado, uma vez que inúmeras condições podem estar relacionadas a ele, das mais simples as mais complexas, e que são passíveis de serem tratadas adequadamente. 

Caso seu sintoma seja recorrente, e persista por mais de uma semana, com desconforto/dor abdominal, com alteração no ritmo evacuatório, é fundamental buscar um especialista. Outros sinais de alerta importantes são: presença de sangue ou muco nas fezes, afilamento das fezes, perda de peso, anemia crônica sem causa aparente. 

Muitas doenças ou condições citadas acima também podem evoluir com esses sintomas, mas não podemos deixar de falar sobre o câncer de intestino. 

Estes sintomas também são observados em pacientes com Câncer de intestino. Por isso reforçando a importância de estar atento aos sintomas e sinais do corpo e buscar ajuda especializada para um diagnóstico assertivo e tratamento adequado.

O coloproctologista é o médico indicado para avaliar os sintomas, solicitar os exames necessários para o diagnóstico e realizar a prevenção do câncer de intestino. Com diagnóstico assertivo, iniciamos o tratamento adequado.

Como aliviar o inchaço abdominal?

Embora a orientação médica seja fundamental após avaliação clínica, algumas medidas simples podem ajudar a reduzir o desconforto:

Evite alimentos que fermentam em excesso, como feijões, brócolis e bebidas com gás;

Coma devagar e mastigue bem os alimentos, evitando engolir ar durante as refeições; Alimentação saudável rica em fibras e líquidos; evitar açúcares, farináceos, industrializados;

Pratique exercícios físicos regularmente, pois isso estimula o funcionamento intestinal.

E finalmente, não negligencie os sinais do seu corpo!